quarta-feira, 27 de julho de 2011

Prólogo.

Era tudo tão monótono, mas tão inquieto ao mesmo tempo.
A porta estava trancada e as janelas fechadas. Por elas não passavam nada, além dos clamores do vento gelado que as surravam pelo lado de lá. Eu procurava em cada detalhe daquela casa algo que me fizesse crer que toda aquela irreparabilidade do meu passado fosse sumir, assim, evaporar. Se bem que naquelas circunstâncias, crer em um futuro melhor poderia concretizar o meu fim. Concretizar o fim de tudo aquilo pelo que sempre zelei, o fim dos meus princípios e das minhas memórias. Eu não sabia como agir - e esse era o menor dos meus problemas.
Chegara a hora de dormir, mas algo me mantinha acordado. Talvez fosse o medo dos gritos de pavor que conturbavam minha cabeça, ou talvez até o medo de mim mesmo. O medo de dormir e não poder mais acordar daquele sono profundo. O drama em que eu vivia - quem sabe até um pouco melodramático demais - mesmo que pintado com um degradê das mais suaves cores possíveis, não indicaria um final feliz.
Talvez esse não fosse o meu destino. Talvez eu devesse viver na esperança de um falso amor que me trouxesse felicidade.
Talvez eu devesse fugir pela janela de madeira com sinais de um velho verniz.

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